Música e Design

@dachick_

De onde surge o nome Da Chick?

O nome Da Chick surge de uma forma muito espontânea. Eu quero acreditar que vem do filme Death Proof, a banda sonora tem uma malha da April March que se chama chick habit e aquela música de alguma forma, não sei, o filme e a música mexeram comigo e eu mais tarde, um ano ou dois mais tarde precisava de um nome para o projecto, para uma música que tinha acabado de fazer, e tinha que arranjar um nome para meter no MySpace e saiu Da Chick.

Quando e como é que começou o teu percurso na música? Sempre soubeste que querias perseguir esta expressão artística em particular ou tinhas inclinação para outras áreas da arte e da cultura?

Não, na verdade eu estava a estudar Marketing e Publicidade, estava no segundo ano do curso... Bem, eu estudei artes, no secundário, sempre estive ligada a esse meio, um bocado perdida, nunca percebi muito bem se queria design de comunicação, o que é que queria mas acabei por ir para Marketing e Publicidade mas sempre sem muitas certezas. Acabei por acabar o curso e ir trabalhar co o copywriter para agências de publicidade e quando estava no segundo ano do curso tinha dois amigos que andavam a começar a produzir música eletrónica, electro, que eram os Refill, e nós passávamos o dia na casa uns dos outros e um dia eles viraram-se para mim e disseram “Olha, temos aqui este beat, não queres cantar alguma cena?” e eu aceitei não sei bem porquê, nunca tinha cantado, nunca tinha escrito música, foi uma cena muito natural e pronto, escrevi a minha primeira música que é o “My goodie” e metemos aquilo no MySpace e houve um feedback muito positivo e desde então que continuei a fazer músicas, comecei a colaborar com produtores novos e até agora que tem sido uma jornada muito intensa em que comecei a escrever letras, comecei a cantar, comecei a rappar, comecei a tocar instrumentos, comecei a produzir música e tem sido assim, eu costumo dizer que nunca estudei música mas a vida tem sido o meu conservatório. Estou sempre motivada a explorar sonoridades, a explorar instrumentos e é isso que me mantém activa.

Carregas influências de vários tipos de música. Como é que definirias a tua expressão artística?

Eu já escrevi uma música sobre isso, que é a “Call me Foxy”. Eu quero acreditar que, imagina: eu gosto de todos os tipos de música, obviamente tenho uma relação especial com a cena mais groovy, a cena desde funk, a hip hop, a jazz, a soul, a boogie, a disco, obviamente sempre com um cheirinho eletrónico, é aquilo que eu faço, acabo por fazer música eletrónica com estas influências todas. Mas eu quero acreditar que o meu som é Da Chick e não é mais nada.

Achas que a música e a cultura portuguesa têm expressão internacional? O que achas mais nosso e mais importante de transportar lá para fora?

Eu acho que sempre teve. Eu acho que agora simplesmente há mais plataformas, tens mais acesso a tudo portanto obviamente chegamos lá fora não é? E acho que a diversidade é o mais importante de levar lá para fora, eu acho que Portugal é uma mistura de culturas na verdade, a nossa cultura é uma mistura de muita coisa. Obviamente desde África a Brasil, esta lusofonia que nós temos, de certa forma isso que nos molda. Eu tenho oportunidade de ir viajando muito e acredito mesmo que Portugal é um sítio único, e as pessoas com que eu vou falando sobre Portugal, Portugal não é só um país na Europa. Eu não vejo Portugal como um país europeu, saímos um bocadinho daí. Eu quando vou a outros países da Europa obviamente que todos têm uma identidade própria mas Portugal consegue-se distinguir disso tudo. Para não falar de outras coisas como a comida, somos únicos mesmo. Há muitas coisas que realçar, a nossa simpatia, a forma como recebemos as pessoas, somos um país muito acolhedor, há muita coisa, acho que não consigo escolher só uma.

Quais são as tuas maiores influências a nível da cultura portuguesa, seja de que área for?

Eu sou muito influenciada pela cena americana, sempre fui. Mas nasci em Portugal, fui criada em Portugal, eu quero acreditar que apesar da minha música ser influenciada não cá eu quero acreditar que adiciono algo muito português a isso. E já fui confrontada com isso, sempre que vou lá fora, aos Estados Unidos em particular, o pessoal reage com surpresa porque não percebe uma série de coisas - como é que eu vindo de Portugal faço o que eu faço, há isto em Portugal, ou seja, as pessoas ficam um bocado “Ai és portuguesa? ok...” depois percebem que de facto não sou americana. Isto para dizer que eu acho que acredito que acrescento algo extra a esta influência muito grande que eu tenho da cultura americana.

Qual é a causa que consideras mais tua? Qual é a tua voz e qual é a mensagem que tentas mais transmitir através das redes sociais, do teu trabalho e de tudo o que fazes, seja inserido num contexto laboral e criativo ou mais pessoal?

Eu não tento propriamente passar uma mensagem. Desde o dia um eu faço música porque me apaixonei pela música e faço música acima de tudo para mim. Eu faço música de uma forma um bocado egoísta, eu não faço música para pessoas, obviamente que sou sortuda em ter um público que gosta daquilo que eu faço e se identifica mas eu faço música para mim e eu acredito que se calhar a mensagem que eu passo é que “Do your thing”. Não tenho melhor mensagem para passar senão mostrar quem eu sou.

Como definirias a moderna cultura portuguesa?

Acho que é assumirmos a diversidade e focarmo-nos nos pontos positivos dessa diversidade. Porque se calhar há uns tempos não era uma coisa tão positiva essa diversidade. Há vários lados negros nessa diversidade obviamente. Acho que a moderna cultura portuguesa é as pessoas terem menos medo de assumir quem são, como são e fazerem o que querem. Eu acho que essa é a moderna cultura portuguesa. Acho que cada vez mais vês pessoas sem medos e a fazerem cenas por eles e cada vez vês mais cenas alternativas e diferentes a surgirem.

Qual é para ti o papel das marcas, como a Overcube, na voz que a moderna cultura portuguesa deve ter no que diz respeito à música, à diversidade, à disrupção, à inclusão e a outras tantas áreas essenciais ao desenvolvimento?

Eu acho que é muito bom marcas como a Overcube relacionarem-se assim. Nós como músicos já temos uma voz que chega a muitas pessoas e acho que é isso o bom de irmos pondo as nossas opiniões, obviamente umas pessoas mais que outras, de uma forma mais intensa que outras mas acho que é bom darmos a nossa opinião, darmos a nossa história e chegamos a muito mais pessoas que se calhar alguém que não tem fãs, ou pessoas seguir, pessoas não-artistas. E depois fazermos esta ligação com uma marca, multiplicamos a oportunidade de fazer chegar estas mensagens ainda mais longe e é obvio que é bom estar associado a marcas que acham isto importante e que apoiam artistas fora da cena mainstream.