CRIATIVIDADE / ORIGINALIDADE

Peggy Heart

É difícil inserir-te numa caixa, e aí é que está a piada do teu percurso. És multi-criativa e dentro de todas as áreas por onde te mexes, qual é o papel, directo ou indirecto, da moda nessas mesmas áreas e na maneira como vives?

A moda me faz sentir liberdade, a sensação de liberdade, criar e ser quem eu quiser.

És bastante disruptiva, não segues tendências nem marcas específicas e tens uma voz muito própria. Como é que nasceu a personagem da Peggy Heart?

Eu diria que é mais um alter-ego do que personagem. Basicamente é como quando alguém faz música e também cria um nome para uma banda ou um artista. Foi tudo muito natural, em uma altura tentaram entrar nas minhas contas pessoas e disseram-me para não dar meus dados na internet, então resolvi por Peggy. O resto foi muito natural, a questão do alter-ego foi surgindo.

Lidas abertamente com questões de saúde mental como a ansiedade (entre outros). Pensas que o mundo criativo e o mundo da moda possam ter um aspecto negativo e/ou positivo nesse campo? Qual foi a tua relação com a saúde mental, o trabalho e a moda? O que achas que pode e deveria mudar?

A questão da saúde mental não é algo que está acontecer, ou seja, é algo contínuo. É um bocado como saber lidar, uns dias piores e uns dias melhores. Acho que cada vez mais abordam o tema da saúde mental, e acho que um impacto positivo é a questão de nos sentirmos bem, estarmos bem. E na área da moda na questão do vestir, estarmos confortáveis. E um impacto negativo já vai um bocado para as redes sociais, a pressão social, o facto de muitas vezes compararmo-nos uns aos outros, e o que vemos não ser algo real.

A fotografia, pelo menos no passado, é um mundo mais dominado pelo universo masculino. Achas que as portas se estão a abrir para as mulheres e/ou pessoas que se identifiquem com o sexo feminino ou ainda é um caminho longo a percorrer?

Eu de facto conheço mais fotografas mulheres do que homens, então acho que estamos em um bom caminho.

Qual é a causa que consideras mais tua? Qual é a tua voz e qual é a mensagem que tentas mais transmitir através das redes sociais, do teu trabalho e de tudo o que fazes, seja inserido num contexto laboral e criativo ou mais pessoal?

Nunca pensei muito nisso… Não tenho uma causa definida. Acho que cada um poder fazer a sua cena, ser autentico e diferente. Há tanta coisa que é mais do mesmo… todos nós buscamos algo diferente, em que nos inspirar-nos, acho que é um bocado por ai. Fazer a sua cena e ser fiel a si mesmo.

Como definirias a moderna cultura portuguesa?

Eu sinto que o presente está a fazer as pazes com o passado. No meu caso, por exemplo, vou sempre buscar o vintage, o antigo, tento colocar no presente. Acho que isto está acontecer em todas as áreas, desde música ao cinema, em tudo. Acho que é por ai.

Qual é para ti o papel das marcas, como a Overcube, na voz que a moderna cultura portuguesa deve ter no que diz respeito à moda, à diversidade, à disrupção, à inclusão e a outras tantas áreas essenciais ao desenvolvimento?

Acho que as marcas como a Overcube devem espelhar aquilo que está a acontecer na sociedade. Ou seja, sobre a inclusão e dar oportunidade às pessoas.